02 maio 2018

 

Maio de 68



O Maio de 68 foi há cinquenta anos – meio século. Cinquenta anos é muito tempo, neste tempo de evolução acelarada. Muita coisa aconteceu entretanto. De tal maneira que, sob muitos aspectos, nomeadamente no que diz respeito ao enorme salto tecnológico que foi dado e às alterações sociais que daí advieram, é quase impossível reconhecer neste tempo o tempo de Maio de 68.
Também no campo político houve mudanças de tomo, bastando lembrarmo-nos da queda do Bloco de Leste e do Muro de Berlim, ou seja, a implosão do chamado «socialismo real», dele restando hoje, apenas, alguns espaços geográficos que, reclamando-se do velho socialismo, não passam de confrangedoras caricaturas dele ou de descaradas derivas para um capitalismo de Estado, sob a disciplina férrea de um único partido, que mantém a designação de comunista e o emblema doutrinário do marxismo-leninismo.
Tanta mudança, realmente, mas o que continua de pé, revigorado por aquela implosão do «socialismo real», reinando urbi et orbi, mostrando sem rebuço a sua natureza omnívora, é, de facto, o velho capitalismo.
Cinqueta anos depois, quem imaginava ter um Trump à frente dos destinos da nação-símbolo da face imperial desse capitalismo, e ter um Putin à frente da que foi a grande pátria do socialismo?
O Maio de 68 mudou muita coisa? Mudou, mas não mudou as estruturas da sociedade dentro das quais o movimento foi gerado e contra as quais se opôs de uma forma tão radical, que parecia que elas finalmente iriam entrar em colapso irremediável.
E quanto aos revolucionário de Maio de 68, onde se encontram eles hoje?

Daniel Cohn-Bendit, o ídolo desses tempos, converteu-se à social-democracia. Quem diria? 





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