17 novembro 2016

 

A Europa que nunca existiu

Jorge Sampaio escreveu no dia 14 um longo artigo no "Público", muito elogiado pelo seu fervor europeísta.Um fervor a meu ver demasiado cego, porque a Europa nunca foi aquele espaço de solidariedade que ele celebra. A Europa de Sampaio é uma narrativa ficcional em que as semelhanças com a realidade são meras coincidências. A UE começou por ser o "Mercado Comum", nascido por razões de "mercado" e foi essencialmente pelas mesmas razões que foi alargando o seu espaço. Mais tarde o "mercado" precisou de uma certa unidade política e então nasceu a UE que rapidamente, após a unificação alemã, mostrou o que era: uma união em que os estados nacionais mais fortes impunham a lei aos mais fracos, sendo as instituições comunitárias uma mera caixa de ressonância desses estados. Com o euro, perdida a soberania financeira, acentuou-se a dependência dos mais fracos. Depois, com o Tratado Orçamental, veio a Europa disciplinar, capitaneada pela Alemanha, que impôs a lei universal da austeridade, que vigia os orçamentos dos dependentes, impõe-lhes exigências, ameaça-os de sanções, mantêm-os permanentemente sob a pressão da disciplina europeia. Perante esta Europa, será estranho desconfiar da Europa e do "projeto europeu"? Como pode taxar-se de "nacionalistas" aqueles que não querem esta Europa, que querem libertar Portugal das amarras do euro, ou pelo menos das correntes do Tratado Orçamental?





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