07 janeiro 2016

 

Candidatos


Um dos gestos mais significantes de Marcelo Rebelo de Sousa, ainda que parecendo um pequenino pormenor, é o episódio do taparware, em que ele transporta o seu almoço frugal. Dava para um belo texto de Roland Barthes, a incluir nas suas Mythologies, ou mesmo nos Essais Critiques, onde ficaria muito bem, segundo penso, na “Strucuture du fait divers”.

Por outras palavras: O candidato gosta é de espectáculo e de dar nas vistas, ainda que o dissimule numa aparência de não espectáculo e de banalização. Ou seja, transforma aquilo que seria um não acontecimento num facto noticioso dos telejornais. O povo diria que é um artista.

 

Maria de Belém Roseira tem-se esfalfado a explicar que a sua actividade como consultora de várias empresas ligadas à saúde, enquanto deputada, não tem nada de molesto, nem belisca a sua honorabilidade, tanto mais que as funções na Assembleia da República não lhe exigiam exclusividade. Por isso, até ganhava menos como deputada.

A explicação não tem que se lhe diga. Com efeito, tendo entrado na carreira política mais ou menos de uma forma casual, quando era funcionária da Administração Pública, a viragem que a sua vida sofreu acabou por lhe dar notoriedade e conhecimentos, que ela aproveitou, e fez bem. Todavia, lembro-me de, quando se falou da alteração do Estatuto dos Juízes, que não veio a materializar-se, em que se pôs em equação a necessidade de os juízes serem compensados remuneratoriamente pela obrigação de exclusividade a que estão adstritos, ela ser uma das mais rebarbativas opositoras, dizendo que muitas outras pessoas também tinham obrigação de exclusividade. Pelo zelo com que falou diante das câmaras de televisão, até pensei que ela fosse uma das deputadas que vivesse apenas do estipêndio público. Mas seria uma questão de altruísmo para com outros profissionais, que não mencionou, que a levou a essa acalorada posição.

 

Edgar Silva parece que ficou embatocado com a questão da natureza do regime da Coreia do Norte, em que domina um fontoche sanguinário, chamado Kim Jong-un. Ditadura ou democracia? Mas que diabo!, não será essa hesitação também um pormenor muito significativo  de uma ideologia paquidérmica?





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