18 fevereiro 2015

 

A outra face da inflexibilidade


Estou inteiramente de acordo com o Maia Costa, quando defende que a Maioria tem um programa político-ideológico que tem vindo a executar à risca e que quer levar o mais longe possível até às eleições e a um ponto de não retorno. Esse programa, que encontrou um formidável pretexto na “crise” e um oportuno instrumento na política de austeridade, que, aliás, começou por ser levada mais longe do que os objectivos da própria troika, é o programa da direita portuguesa mais retrógrada. Há gente normalmente  conotada com a direita e, sobretudo com o centro-direita, que não se revê nesta política e tem mesmo criticado, por vezes de forma surpreendente, as soluções que têm sido levadas a cabo, inclusive  sem cobertura no programa eleitoral que foi apresentado ao eleitorado. Muitas dessas pessoas criticam também a excessiva submissão dos nossos responsáveis políticos às directrizes de Berlim e de Bruxelas (“mais Merkelianos do que a própria Merkel”, dizia, há dias, Bagão Félix, ou “mais troikistas, do que a troika”, como também dizem  alguns desses críticos), pois a política prevalecente actualmente a nivel europeu também é radical de direita.

O encarniçamento dos nossos responsáveis políticos contra a Grécia é evidente que assenta nesses postulados ideológicos, mas também esconde o pânico que se apossou deles (e não só deles, mas também dos mentores europeus que têm aplicado a receita da austeridade), ao aperceberem-se de que as coisas poderiam mudar, pondo em causa a política seguida. E, como os resultados dessa política têm sido muito fracos em toda a parte onde tem sido aplicada, eles fazem tudo por hostilizar a Grécia actual e mostrar uma face de inflexibilidade, que não é senão o medo da sua própria fragilidade.





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