29 agosto 2014

 

Meet(ing)s

Dantes havia meetings. Eram comícios, manifestações, encontros de protesto ou de apelo à ação política. Faziam parte da agenda política da sociedade. Agora a palavra perdeu o "ing" e a "coisa" perdeu o caráter político/contestatário. Os "meets" aliás nasceram nos EUA e foram importados para Portugal por mero mimetismo. Não se inserem na luta política. São encontros de jovens sem objetivos específicos, são puros atos de exibição, potenciados pelas novas técnicas de comunicação. Os seus promotores e atores não pretendem nada, apenas "mostrar-se". Querem ser notícia, "aparecer" numa sociedade que os ignora. Isso envolve um risco elevado. É que, para aparecerem, precisam da comunicação social, mas para aparecerem na comunicação social, têm que ser apresentados como um risco, preferencialmente tem que haver distúrbios, ou mesmo "sangue"... Sem isso não há notícia, o "meet" não tem "interesse jornalístico". "Aparecer", para esses jovens (sobretudo se africanos), significa pois necessariamente serem exibidos como "perigosos". É este o risco e o paradoxo do protagonismo que procuram. E a comunicação social, sobretudo no mês de agosto, agradece estas não-notícias...





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