14 novembro 2013

 

O FMI e o bloqueio do sistema


Flexibilização. Aí está, outra vez, a palavra-simulacro, tão do agrado do FMI. É preciso flexibilizar os salários, descê-los ainda mais, pois claro! A voracidade do FMI para comer os salários dos trabalhadores portugueses não tem limites.

O governo apresentou um orçamento que tem em vista a chamada convergência entre os sectores público e privado, diminuindo, de uma penada, retroactivamente, vencimentos dos funcionários, em nome de uma pulsão igualitária notável e sem precedentes, e vem o FMI e diz que é preciso reduzir (quer dizer, flexibilizar) ainda mais os salários dos trabalhadores portugueses, porque estes ainda ganham demasiado, para depois se ter de tornar a fazer uma nova convergência entre os sectores em nome da igualdade, e assim sucessivamente, até à nudez total, que é, verdadeiramente, a condição que nos iguala a todos, quando nascemos.

Porém, a arrogância do FMI não se fica por aí. Reincidindo num tique que tem caracterizado as suas últimas intromissões, o FMI volta à carga com o Tribunal Constitucional, como se estivesse, realmente, a impor o seu diktat a um protectorado, para usar uma comparação que tem direitos de patente num dos nossos governantes.

Dá que pensar esta insistência. Será que é mesmo da lavra do FMI esta apetência pelo nosso Tribunal Constitucional, ou será que o sermão lhe terá sido encomendado? Sei lá! Nesta época em que não há nenhum principio que pareça ser inabalável, é de desconfiar de tudo.

Sei é que a nossa democracia está a ficar cada vez mais claustrofóbica, para usar outro termo cunhado por outrem. O sistema está a ficar sem saídas, bloqueadas que parecem estar as alternativas e as possibilidades de mudança, por via democrática. O assédio inconcebível, de dentro e de fora, ao Tribunal Constitucional é mais uma tentativa de bloqueio de um órgão imprescindível ao funcionamento da nossa democracia.





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