06 outubro 2013

 

O apelo patriótico


 

Como tenho afirmado por várias vezes, o Tribunal Constitucional tem sido pressionado e atacado de uma forma miserável. Não se trata, evidentemente, de uma crítica legítima, ao contrário do que, por vezes, se pretende fazer crer. Trata-se mesmo de pura intolerância, de ataque cego, quando não de grosseiro vitupério. Ao que se tem assistido é à manifestação de uma incontida raiva, por parte de certas elites dirigentes, por o TC não apadrinhar as soluções que elas gostariam de ver consagradas.

Ultimamente, mudou-se um pouco de táctica, fazendo apelo patriótico ao tribunal, ou, mais latamente, a todos os órgãos de soberania, em que este todos esconde, manhosamente, a referência única ao TC, para uma colaboração com as políticas que se pretende implementar. Nem mais, nem menos: apelo patriótico a todos, estão a ouvir bem, senhores juízes do Tribunal Constitucional?

A linguagem veste-se de muitos artifícios e o mais comum é a referência à universalidade (todos) e ao sentimento gregário supremo, diria mesmo sagrado – a Pátria. Trata-se de uma mobilização geral  em prol de um objectivo patriótico. O tribunal não pode ficar de fora dessa mobilização geral que a Pátria reclama.

É assim que, do ataque soez, se passa à mais refinada coacção ideológica.

Trata- se de um despudor sem limites.

Mais valia que esses senhores tivessem a coragem de pedir aos juízes do TC que abdicassem do exercício das suas funções. Ao menos, seria tudo mais límpido.     





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