24 junho 2013

 

Brasil: a vez do povo, ou o futebol já não é o ópio do povo

A explosão popular nas ruas e praças do Brasil é demasiado extensa e insistente para ser um fenómeno de superfície ligado a temas passageiros, como o preço dos transportes ou os custos dos estádios. Aliás, o simples facto de ser contestado o investimento no futebol, num país em que ele embriagava o povo, faz pensar.
Como faz pensar que este movimento amplíssimo aconteça quando o Brasil está aparentemente melhor, mais democrático, mais inclusivo...
A irrupção da "multidão" na rua está a tornar-se uma constante neste início de século, e sucede transversalmente pelo mundo fora. Parece querer dar razão a Negri. Mas estes movimentos são demasiado inorgânicos e abrangentes para conduzirem a qualquer solução. Eles são sobretudo um "sintoma" de mal-estar. E quem está no poder tem que saber interpretar a sintomatologia, e evitar a sempre tentadora "desvalorização", quando não repressão...
A Dilma (e toda a esquerda que a rodeia) terá que pensar mais no que está a acontecer nas ruas, do que nos sonhos de grandeza económica do Brasil, de investimentos grandiosos no estrangeiro, de competição geoestratégica. A verdade é que o povo não come geoestratégia e, depois de ter aprendido que se pode lutar contra a miséria, depois de ter renunciado à resignação, é difícil convencê-lo a voltar ordeiramente para a favela...
Uma coisa é certa: as vitórias do "escrete" (quando as há) já não chegam...





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