07 agosto 2012

 

Uma Justiça gelada

Parece que um nosso concidadão de 22 anos, de origem Angolana e sem qualquer ligação familiar a Portugal, está em vias de ser expeditivamente repatriado (como se a pátria não fosse onde escolhemos viver) por ter furtado um gelado durante os motins de Londres do ano passado. Isto, depois de pelo mesmo gravoso facto ter cumprido uma pena de 16 meses de prisão... Conviria que os indígenas indefectíveis da justiça inglesa (e norte-americana) dissessem qualquer coisinha sobre o ponto, nomeadamente comparando o caso com aquele outro de um também nosso concidadão que já foi condenado em Portugal por crimes de colarinho branco e aguarda ad aeternum o cumprimento de um simples mandado de detenção europeu. Em regra esses indeféctiveis em situações como esta ou se calam como ratos ou explicam a bondade da situação como uma qualquer razão técnica inultrapassável. Mas o que é verdade verdadinha é que essa mesma "Justiça" que não cumpre mandados de parceiros da UE por desconfiar da fiabilidade das respectivas Justiças não se ensaia em repatriar um fulano com 22 anos por surrupiar um gelado, dando bem conta da interpretação plistocénica que faz do princípio da proporcionalidade, estruturante em qualquer Estado de Direito.
Ah como é bondosa a Justiça de Sua Magestade!





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