18 julho 2011

 

Um intelectual que vem de outro tempo e é do nosso


Na sexta-feira passada, ouvi com prazer Adriano Moreira, em entrevista à Antena 1 com Maria Flor Pedroso, depois do noticiário das 10h. Estava a fazer um trabalho que exigia menos atenção, tipo relatório de acórdão, e muitas vezes parei para o ouvir.
Não me identifico com as suas ideias, mas há muitas que eu apadrinho. E, sobretudo, é um prazer ouvir um intelectual que ainda conserva uma rara lucidez e que discorre maravilhosamente sobre questões contemporâneas.
Muita coisa passou em revista: a crise nacional e internacional, a Europa, os juros da dívida soberana, as agências de rating, a crise de liderança, a revisão da Constituição, Mandela e sei lá mais o quê.
Para ele, o que se está a passar, por exemplo com os juros da dívida dos países periféricos, é um autêntico crime. Da sua perspectiva, o lucro é lícito, mas os juros especulativos que nos obrigam a pagar já são do domínio da usura e, portanto ilícitos e mesmo criminosos.
Há uma grande crise de liderança por toda a Europa e, quanto à senhora Angela Merkel, nem é bom falar. Essa senhora revela ignorância, sobretudo quando se mete a fazer antropologia sobre os povos mediterrânicos, ignorando todo o seu papel na construção e defesa do património europeu.
A revisão da constituição é uma má ideia, se pretende apagar os princípios basilares do Estado Social.
Mandela, cuja biografia mostrou conhecer em pormenor, tem «santidade». Uma santidade laica?, perguntou Maria Flor Pedroso, que nem sempre foi feliz nas suas intervenções, sobretudo quando pretendia cortar o pensamento do interlocutor, ou inflectir o rumo do discurso, o que felizmente não conseguiu, ou simplesmente antecipar o que ele iria dizer a seguir, revelando desacerto. «Sim, uma santidade laica», anuiu.
E tanta, tanta outra coisa, que tenho pena de não ter anotado.





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?


Estatísticas (desde 30/11/2005)