24 abril 2011

 

O que aí vai


Dois autores muito distanciados no tempo, mas falando da crise actual. Um, Camilo Castelo Branco, não sabendo ainda muito bem o que se está congeminando nas «altas regiões»; outro, António Guerreiro, definindo já a derrocada.
Ora vejamos:
Chegam aqui os terríveis boatos do que aí vai nos bancos.
Esta gente ainda não sabe o que está fermentando nas altas regiões. Eu também não sei; mas, se não me engano, soou a hora de virem a lume todas as podridões modernas, como diz Guerra Junqueiro.
(Camilo Castelo Branco – Carta ao Visconde de Ouguela, publicada por Beatriz Berrini, JL – 12 a 15/01/2011).

Ora, hoje começamos a perceber os contornos de uma nova fase que já se iniciou: a classe média, a mais forte e expansiva, capaz de se alargar e conquistar cada vez mais espaço – a classe, em suma, que se reproduziu alimentando-se de tudo -, começa a declinar enquanto classe universal, imortal e infinitamente dúctil. Aquilo a que hoje chamamos “crise” é isto: a condição de fragilidade deste larguíssimo estrato intermédio, o fim do triunfo da classe média, cujo advento tinha sido o verdadeiro fim da História.
(António Guerreiro – Expresso – Actual, 16-04-2011)





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