01 fevereiro 2011

 

No país da justiça exemplar


Tinha na minha agenda, entre outros, o caso do miúdo da Pensilvânia. O Maia Costa já o tratou, e bem, neste blogue. Mas, se me concedem licença, agora que acabo de ouvir mais uma referência ao caso no telejornal, também faço a minha despesa. O caso é tão pasmoso, que uma reacção imediata à notícia é a incredulidade; depois, fazermos um esforço para o situarmos no tempo e no espaço: a que tempo pertence esta forma de tratamento de um miúdo de 13 anos que, aos 11, matou a namorada do pai com uma arma caçadeira de um modelo especialmente concebido para crianças? Onde é que isto acontece?
Ficamos siderados: o tempo não é o dos bárbaros, nem o da obscura Idade Média. É o nosso tempo presente. O país não é nenhum daqueles que ainda vivem a milhas dos padrões da nossa decantada civilização ocidental, nem nenhum daqueles que alguns designam por “Estados-pária”. É precisamente o país que tem a pretensão de ser o mais perfeito, o mais progressivo, o mais adiantado país do Mundo e arredores. E a Pensilvânia é um dos seus mais industrializados Estados.
Muito falam do caso em tom irrisório, como se se tratasse de uma anedota. O mais trágico é que não é nenhuma anedota. É uma pessoa de carne e osso, uma criança que querem imolar nesse tal país que se permite dar lições a outros sobre direitos humanos. O Supremo Tribunal vai agora pronunciar-se sobre se este miúdo deve ser julgado como criança, sujeitando-se a uma medida detentiva até aos 21 anos, ou como adulto, incorrendo numa pena de prisão perpétua. Isto passa-se nos Estados Unidos da América do Norte, um país que, sob este aspecto, está ao mesmo nível da Somália.





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