24 janeiro 2011

 

O discurso da vitória

Não gostei nada do discurso do candidato vencedor Cavaco Silva. Foi antipático e antipolítico. Foi um discurso de represália e ajuste de contas, em que contrapôs a sua honorabilidade ao que chamou de “vil baixeza” e de “calúnia” de todos os outros candidatos. Serviu-se do momento da vitória para atacar os outros concorrentes fora do prélio eleitoral. Afirmou que a sua vitória foi o triunfo da verdade sobre a calúnia, quando a verdade exige mais do que a autoproclamada virtude de quem a afirma e quando a “calúnia” não passou de dúvidas lançadas sobre dois aspectos concretos da sua vida privada, mas com reflexos na sua vida de homem público.
Disse ainda que a sua vitória teve um alcance singular, por ser a primeira vez que um candidato teve uma votação tão expressiva sem ter recorrido a “outdoors” e a cartazes de publicidade, quando, em boa verdade, o seu feito não foi tão extraordinário como isso, pois a sua vitória estava praticamente assegurada de antemão, não tendo havido até ao momento nenhum candidato à presidência da República que não tivesse ganho uma reeleição e, por outro lado, a votação que obteve foi inferior à percentagem de abstenções (a maior de sempre). Para retomar a expressão de Manuel António Pina, foi uma vitória que representou “um quarto do total de eleitores”.
Enfim, um discurso marcado pelo ressentimento e pela arrogância da vitória.





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