11 dezembro 2010

 

O violador

Julian Assange não pode ser um homem normal. Um indivíduo que faz o que ele fez, divulgando no seu “site” uma caterva de documentos ditos secretos, dos muitos milhares a que teve acesso, do Pentágono e do Departamento de Estado norteamericano, provocando uma onda sísmica nas relações diplomáticas de vários Estados, com epicentro na diplomacia dos Estados Unidos da América, tem que ser, fatalmente, portador de uma anomalia qualquer, de um desvio, de uma tara. Rapidamente se confirmou a sua anormalidade: o homem é, afinal, um criminoso sexual, um violador. Tinha à perna um mandado de captura internacional emitido por um país conspícuo: a Suécia. Está acusado de ter coagido sexualmente uma mulher e violado outra. O homem é um criminoso violento. Autor de crimes que, segundo os padrões vigentes, o desclassificam em alto grau.
Parece que uma procuradora não viu motivo para proceder criminalmente contra ele, mas outra entendeu o contrário, perante uma factualidade dúbia. O que se segue é que o violador entregou-se calmamente à polícia inglesa e, mesmo assim, ficou preso, contra as expectativas do seu advogado. Agora, vai ser entregue à Suécia para ser julgado pelos seus crimes. De violador de documentos secretos, passou a ser um violador de mulheres, e essa circunstância é que sobredetermina tudo o mais. Como se a suja escorrência que promana de muitos documentos que foram revelados ficasse miraculosamente submersa pela hediondez de crimes sexuais. Lembram-se do caso ainda recente de Roman Polanski, o famoso cineasta que foi para a cama com uma donzela de 12 anos em circunstâncias muito nebulosas e que levou as autoridades norte-americanas a pedirem a sua extradição, trinta anos depois da prática do alegado crime?





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