17 junho 2010

 

Um espectro percorre a Europa

Um espectro percorre a Europa, embora já não o mesmo que a agitou em 1848. Agora é o espectro da xenofobia, da mixofobia (como diz Bauman), da intolerância para com os imigrantes, as minorias étnicas e religiosas, os pobres em geral.
É uma espécie de dominó em cascata desde Março. Nas eleições regionais em Itália, legislativas na Hungria, presidenciais na Áustria, legislativas na Holanda e na Bélgica, a extrema-direita cresce, cresce sempre, começa a ameaçar bloquear o sistema político se não participar do poder. Não é um fenómeno de alguma região periférica da Europa: é no seu coração que ele prolifera.
Já não é só a Europa-fortaleza, a rejeição de novos imigrantes. É a marginalização e criminalização daqueles que já cá moram há muito, punindo-os pela sua cultura, pela sua religião, pelo seu modo de vestir.
E mais ainda: a segregação já não se dirige apenas contra os outros, contra os "de fora"; começa a ser contra os "de dentro", os "iguais". Iguais, mas pobres. A rica "Padânia" que quer separar-se do resto de Itália e a rica Flandres que rejeita a pobre Valónia são uma primeira manifestação de "apartheid" interno que não sabemos onde chegará.
Uma Europa em estilhaços, sem ideário nem rumo certo, conduzida por uns senhores (e uma senhora) que, com mentalidade de mercieiros, passam a vida a falar do défice e das despesas, do corte das despesas...
Acordarão um dia em cima de um vulcão (e não vai ser o da Islândia...).





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