06 março 2010

 

Os 20 anos do "Público"

O "Público" fez 20 anos, idade bonita. O "Público" é o meu jornal, melhor dito, o jornal que leio preferencialmente.
Dito isto, há ainda outras coisas para dizer.
O "Público" começou bem, pelas mãos de Vicente Jorge Silva e da equipa que formou. Era um jornal aberto, pluralista, além de bem feito e atractivo.
Depois, melhor, no consulado de José Manuel Fernandes, e sobretudo a partir da chegada de Bush ao poder, é que foi o diabo. Foram anos de doutrinação neo-conservadora e de alinhamento cerrado com a política externa americana (por vezes, os editoriais do director pareciam um boletim da embaixada dos EUA, outras vezes da de Israel). A dose de doutrina foi tão elevada que enjoou toda a gente. No plano interno, também suscitaram dúvidas certas "campanhas" do jornal, tendo inclusivamente o último provedor questionado a eventual existência de uma "agenda oculta"...
Enfim, anos negros...
A renovação era necessária e ela veio. Mas, bem vistas as coisas, não sei se veio... A nova directora dirige de facto? A presença de José Manuel Fernandes, agora formalmente apenas como "colunista" (um colunista de página inteira...), projecta uma grande sombra sobre a orientação do jornal.
Mas o mais interessante da edição comemorativa de ontem foi o artigo do "comendador" (agora "chairman") da Sonae. Todo palavras doces para o dito ex-director. Todo empenhado na liberdade de imprensa, mesmo perdendo dinheiro com o jornal.
Fico de facto sempre com os olhos marejados de lágrimas quando vejo um cavaleiro da indústria ou da finança empenhado em acções altruístas, fazendo o bem pelo bem, sem pedir a quem. Um mecenato empenhado na cidadania e no contributo cívico, nas próprias palavras do cavaleiro! Sem certeza, nem sequer procura, de retorno!
São estas acções que nos reconciliam com a natureza humana!





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?


Estatísticas (desde 30/11/2005)