04 março 2010

 

As pressões sobre a comunicação social

Num debate da Antena 1, ontem, dia 3, sobre a temática das pressões de vários poderes e entidades sobre os órgãos de comunicação social, um dos intervenientes mostrou a sua indignação relativamente ao facto de muitos jornalistas e responsáveis dessa área minimizarem essas pressões com a alegação de que “pressões sempre as houve; os jornalistas é que têm de saber resistir-lhes.” Ajuntava esse interveniente que tal é inadmissível e podia conduzir a uma generalizada desculpabilização e até inversão de valores, pois também se poderia dizer que, em muitos crimes, a vítima é que não soube resistir ao criminoso, deixando-se apanhar.
Concordo, de uma forma geral, com essa argumentação e comungo dessa indignação.
Com efeito, vai fazendo carreira a ideia de que, por usuais, as pressões sobre a comunicação social devem ser tidas como banais, deslocando-se ao mesmo tempo o pólo da ilegitimidade da acção para o da resistência que se lhe deve opor e culpabilizando-se quem não seja capaz de o fazer ou de o fazer de forma eficaz.
É esta uma ideia completamente inaceitável. Sem embargo de dever resistir a pressões, em nome da independência, da isenção e da objectividade requeridas a quem tem o múnus de informar, as situações referidas, ao menos quando revistam alguma gravidade, devem ser denunciadas. É que a coragem não está só no resistir, mas também no denunciar.
É certo que, em muitos casos, a denúncia é difícil ou até praticamente impossível, por a pressão ter sido feita em circunstâncias tais que inibem o visado de a denunciar, por falta de prova ou por qualquer outra razão, mas que se não banalizem ou branqueiem estas situações.





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