24 setembro 2008

 

Casamentos homossexuais

Um argumento esgrimido contra a aprovação do projecto que prevê os casamentos homossexuais é o de que não se trata de "questão prioritária". Trata-se obviamente de um argumento apresentado por heterossexuais, porque estes não precisam daquele projecto para nada.
Mas para os homossexuais a questão será eventualmente prioritária, não é? É que, enquanto vigorar a lei actual, eles não podem casar! E casar pode ser para eles importante, tanto quanto o é para os heterossexuais.
Portanto, a questão não se põe em termos de prioridade.
Aliás, é sempre prioritário pôr termo às desigualdades e discriminações que possam existir!
Surge então um segundo argumento: o casamento é só para heterossexuais. Para os homossexuais poderá, quando muito, arranjar-se um estatuto que proteja os interesses das pessoas que vivem em comum.
Cai então a máscara: a questão não está na falta de prioridade, mas sim no preconceito e no dogmatismo tradicionalista - o casamento só pode ser entre pessoas de sexos diferentes, porque esse é que funda uma família, porque esse é que pode dar lugar à procriação. Sim, é aí que está o nó da questão: na procriação como "fundamento" e razão de ser do casamento. Sem comentários.
Outro aspecto interessante é que, numa questão dita "civilizacional" ou "ética" ou do "foro íntimo", os dois partidos "centrais" estejam empenhados em impor a disciplina de voto. Diga-se, aliás, que essa disciplina, pondo de parte alguns axpectos essenciais ligados ao programa do partido, nunca deveria existir, porque o deputado presume-se adulto e responsável. Mas, num tema como este, é óbvio que a liberdade de voto deveria ser total.
Mas não será assim. O PS invoca aliás um argumento interessante: esta questão não está na sua agenda política!... É então uma questão de falta de agenda? Ou é uma questão de falta de coragem? Ou uma questão de opção ideológica?
Bem, os homossexuais que esperem. É que a questão não é mesmo prioritária para quem tem o poder de decidir.





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