11 julho 2008

 

Jorge de Sena

Passaram trinta anos sobre a morte deste que é dos maiores entre os maiores portugueses de sempre.
A minha homenagem é a transcrição deste poema que é um auto-retrato (não assumido) do poeta.

Quem muito viu, sofreu, passou trabalhos,
mágoas, humilhações, tristes surpresas;
e foi traído, e foi roubado, e foi
privado em extremo da justiça justa;

e andou terras e gentes, conheceu
os mundos e submundos; e viveu
dentro de si o amor de ter criado;
quem tudo leu e amou, quem tudo foi —

não sabe nada, nem triunfar lhe cabe
em sorte como a todos os que vivem.
Apenas não viver lhe dava tudo.

Inquieto e franco, altivo e carinhoso,
será sempre sem pátria. E a própria morte,
quando o buscar, há-de encontrá-lo morto.

"Peregrinatio ad loca infecta"





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