29 julho 2008

 

A culpa dos pobres

Os acontecimentos da Quinta da Fonte (hoje a quinta mais conhecida do país) têm servido de tema para saborosas considerações por parte dos bem-pensantes do neo-liberalismo. Segundo eles, tudo o que o Estado gaste com os pobres é não só mal gasto, porque eles vão logo desperdiçá-lo irresponsavelmente (como dantes se criticava os mendigos por gastarem as esmolas em vinho...), como revela um injustificado "sentimento de culpa" por parte do Estado.
Injustificado, porque os pobres são pobres porque têm culpa! Porque são preguiçosos e/ou estúpidos. (Ainda por cima, mal agradecidos.) O Estado não se deve preocupar, pois, com os pobres. (Só quando eles pisem o risco e se tornem clientes do sistema judicial).
A estigmatização da pobreza faz parte da cultura do liberalismo económico desde as suas origens. A "ética protestante" que serviu de suporte ideológico ao capitalismo nascente condenava os pobres enquanto membros inúteis da sociedade e responsabilizava-os pela sua condição.
Assim continua a ser hoje nestes tempos de hegemonia do neoliberalismo. E a comunicação social portuguesa lá vai desempenhando o seu papel difusor e legitimador da ideologia hegemónica.





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