02 maio 2008

 

Preocupação e desencanto

Que os jovens não conheçam a nossa história recente, principalmente a Revolução do 25 de Abril e a situação que vivíamos antes dela, é motivo de preocupação, que foi bom que o presidente da Republica expressasse na cerimónia realizada no Parlamento. Todavia, Rui Tavares, um dos cronistas mais lúcidos do “Público” e da nossa imprensa em geral, deu do fenómeno um enquadramento que atenua as cores pessimistas com que o mesmo pode ser lido numa leitura imediatista e impressionista, apresentando óptimas razões para termos esperança nas capacidades e na força renovadora da nossa juventude. Muito mais perturbadores, penso eu, serão os sinais de desalento transmitidos pela própria geração que fez o “25 de Abril”, nomeadamente muitos dos notáveis oficiais que deram o corpo ao manifesto e que se encontram já fora do activo. Que as suas vozes se juntem às de tantos que falam numa degradação da democracia e mesmo em falta de liberdade, apelando a um movimento de indignação, isso é que constitui motivo para preocupação. Não são já os desiludidos de uma revolução que devia ter seguido determinadas directrizes ideológicas que falam. São alguns daqueles que ajudaram a institucionalizar a democracia que se construiu precisamente nos antípodas dessas directrizes ideológicas. Esse é um sinal de mal-estar que atesta o desencanto crescente em relação a alguns dos fundamentos básicos que definem a matriz constitucional da nossa democracia.





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