03 dezembro 2007

 

A greve

Fez-se a greve geral da função pública, convocada pelas duas centrais sindicais, incluindo, portanto, a UGT, criada, em tempos que já lá vão, na esfera ideológica do partido do governo. Deu-se por ela, pela greve que foi orquestrada pelas duas centrais sindicais? Ora, aí é que está o problema, saber se a greve existiu ou não. Para o governo, não houve greve nenhuma, ou praticamente não houve. Para os sindicatos, sim; a greve foi um êxito.
Vejamos os números: segundo o governo, a greve só teve 20% de aderentes, um número tão ridículo, tão marginal, que não se deu por ela. Quem ouviu o representante do governo falar nos meios de comunicação social (pelo menos, na Antena 1), todas as escolas, todos os hospitais, todos os serviços de saúde, todas as repartições públicas trabalharam em pleno. Quer dizer: trabalharam praticamente em pleno, visto que os trabalhadores que aderiram à greve foram tão escassos, que não se deu minimamente pela sua greve. A greve foi, portanto, um fracasso. Já segundo os sindicatos, a greve andou pelos 80%. Ou seja, foi uma greve robusta, que mostrou a pujança dos sindicatos e o grande descontentamento dos trabalhadores da função pública.
Deu-se pela greve? É, evidentemente, uma questão de ponto de vista. As greves não são factos; são apenas questões de números, e os números são, presentemente, apenas questões de guerra ideológica entre o governo e os sindicatos.
Alguns jornalistas parece que quiseram asseverar-se com os seus próprios olhos e mostrar através das câmaras da TV, que são os olhos do público, alguns dos serviços onde supostamente se teria feito greve, mas não puderam entrar e, assim, não puderam mostrar os pressupostos efeitos da greve. Tiveram que socorrer-se de vias indirectas, como cafés frequentados pelos trabalhadores em tempo de serviço. Se cheios, seriam indicativos do inêxito da greve; se vazios ou meio cheios, seriam indicativos do êxito semi-êxito da mesma.
Mas para quê a teimosia em mostrar os locais de trabalho? A questão da greve, porque não é um facto, não carece de acesso à fonte de informação. Sendo uma guerra ideológica, basta que se tenha acesso ao belicoso confronto dos números.





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