10 dezembro 2006

 

Pinochet

A morte deste verdugo deixa-me hoje, tal como aconteceu com a morte de Franco, como com a de Salazar, um misto de raiva e de indiferença. Estes bandidos morrem sempre na cama, mas acabam vencidos, embora tarde.
Este último teve até os seus dissabores nos últimos anos, coitado. Tudo porque em 1990, ele, ditador absoluto, convocou um referendo para ser plebiscitado como presidente vitalício e perdeu! Perdeu, porque pensou que o povo o apoiava e não falseou a votação. Nisso, Salazar era mais prudente e céptico. Ele acreditava ser o homem providencial para os portugtueses, mas não confiava, e bem, suficientemente neles...
As últimas imagens de Pinochet mostravam-nos um velhinho inofensivo, quase simpático. Mas quem viu as imagens com que se mostrou ao mundo em 11 de Setembro de 1973 não as esquece mais: uma pose feroz de caudilho impiedoso, de ósculos escuros impenetráveis, rodeado dos seus capangas do golpe traiçoeiro com que enterraram a democracia - a própria imagem do terror, terror que iria implantar durante anos e anos no seu país. 3000 mortos, sem guerra civil, 3000 mortos quase todos sob torturas que só a Gestapo igualou.
Nesse século XX de todas as carnificinas, Pinochet obteve um lugar de destaque. Hoje o Chile vive em democracia. Mas preservar a memória do passado sinistro é essencial para que essa democracia sobreviva. E para que o mundo se torne um lugar mais habitável.





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