07 novembro 2006

 

Perguntas indecentes

A propósito do anunciado programa de troca de seringas nas prisões, o director do Público formulou no jornal do dia 4 passado algumas "perguntas inocentes" sobre responsabilidade do Estado na perseguição ao tráfico e ao consumo de estupefacientes fora e dentro das prisões, para concluir com uma "suspeita": a de que quem assim procede na realidade não procura combater o consumo de drogas, antes desistiu de o fazer como se o consumo "fosse uma fatalidade tolerável".
É confrangedor o primarismo, nada inocente, desta tomada de posição, alinhada com o dogmatismo mais obscurantista. Ignora-se, esconde-se, que os programas de redução de danos, dentro e fora do mundo prisional, são programas de saúde pública e também do mais elementar pragmatismo: circunscrever os males e os riscos do consumo, reduzi-los, tentar melhorar a saúde dos que consomem e evitar a difusão de doenças. Tão simples quanto isto, mas tão difícil de compreender para mentes empedernidas no dogmatismo proibicionista, elevado a padrão moral incontestável.
Quão útil teria sido ao director do jornal ler a notícia publicada no seu próprio jornal no dia seguinte, na p. 29, sobre a comunicação aresentada pelo director espanhol dos serviços de saúde pública em meio prisional acerca dos resultados (francamente positivos) dos programas de redução de danos nas prisões em Espanha. Para lá remeto.





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?


Estatísticas (desde 30/11/2005)