27 junho 2006

 

A luz ao fundo do túnel?

É com todo o gosto que publico no Sine Die um texto de Ana Rita Pecorelli.
É verdade que sob a égide do combate ao terrorismo se tem vindo a assistir ao proliferar de posições proteccionistas e de segurança. Evocam-se os atentados do 11 de Setembro, de Madrid e de Londres, do Médio-Oriente e outros e com estes se fundamentam medidas que se apelidam de indispensáveis e excepcionais, algumas encabeçadas pelos EUA, como bem exemplifica Patrícia Naré Agostinho, no seu post "Qual Big Brother, qual carapuça."
Neste ambiente de desconfiança permanente, tudo vem sendo permitido (e consentido)... e se até aqui se pretendiam controlar movimentos suspeitos, a porta está aberta para a supervisão da palavra, da imagem e porque não... da própria identidade. Passar despercebido e incólume poderá em breve traduzir-se em mera utopia...
Contudo, é bom saber que nem para todos a receita de sucesso do combate ao terrorismo passa apenas pela proclamada segurança proteccionista. O jornal Primeiro de Janeiro divulga uma sondagem realizada em Espanha, dando conta que cerca de 60% dos espanhóis apoiam o diálogo que o governo espanhol deverá iniciar em Julho com a organização separatista basca ETA. Numa altura considerada por vários observadores como "decisiva" para o futuro do País Basco, a sondagem indica que apenas 32% dos espanhóis não apoia o avanço do diálogo com a ETA, que em Março declarou um cessar-fogo. A sondagem volta a confirmar o crescente distanciamento entre a posição do partido de oposição sobre a ETA e a posição do eleitorado, com mais de 56% dos inquiridos a criticar o facto do partido continuar a rejeitar qualquer diálogo com a organização.
Não tivesse aquela maioria de espanhóis coabitado com sucessivos atentados terroristas e não tivesse já assistido a tentativas goradas de combate a tal fenómeno, certamente o resultado de tal sondagem não assumiria qualquer significado e cairia no esquecimento, como tantos outros. Não sendo todos diplomatas, especialistas ou técnicos de terrorismo, a maioria dos espanhóis defende o recurso à arma mais relutante e também mais barata e menos intrusiva da liberdade de cada um: o diálogo.
Que do mesmo se faça luz!
Ana Rita Pecorelli





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