06 fevereiro 2006

 

Gandhi e a obesidade

Em tempos que já lá vão, a gordura, quase a obesidade, significava formosura… no feminino.
Era aquela beleza, ilustrada em pinturas célebres: mulheres gordas deitadas na relva ou, então, por ex. olhando-se deleitadamente ao espelho. Eram a delícia de um estético conceito de beleza para uma época.

Hoje já não é assim: a gordura leva rapidamente à obesidade, significando apenas doença (OMS 2005), não sendo sinónimo de riqueza, antes apontando para a pobreza (na medida em que são os mais pobres que “consomem os produtos mais baratos” com “teores de gordura e de açúcar mais elevados”). Pode contribuir para distúrbios psicossociais, isolamento social, rejeição social, discriminação no local de trabalho, dificuldades em arranjar emprego etc.

Quem ler o Jornal Oficial da União Europeia de 31/1/2006 (JO C 24, pp. 63-72) fica a conhecer o Parecer do CESE sobre a «Obesidade na Europa – papel e responsabilidades dos parceiros da sociedade civil».

Diz-se que hoje, no mundo, os dois maiores problemas nutricionais são, “por um lado, a fome que afecta 600 milhões de pessoas e, por outro, a obesidade, que atinge 310 milhões de pessoas”.

Como curiosidades salienta-se que, na Europa, “há 14 milhões de crianças com excesso de peso, das quais 3 milhões são obesas, verificando-se mais de 400.000 novos casos por ano, o que corresponde a 1 em cada 4 crianças na UE-25. 10-20% das crianças do Norte da Europa têm excesso de peso. No sul da Europa e na Irlanda, a percentagem é de 20-35%. (…) Os novos meios de comunicação social, incluindo os jogos de computador e a Internet, assumem crucial importância no que respeita aos jovens, particularmente porque a sua utilização está relacionada com o aumento da obesidade”.

Mas há mais: “Em diversos países da UE, mais de metade da população adulta tem excesso de peso, pertencendo 20-30% dos adultos à categoria dos obesos”.

E, depois, “a obesidade na meia idade aumenta o risco de demência futura. Os 6 dos 7 principais factores de risco de morte prematura estão relacionados com a forma como comemos, bebemos e nos movimentamos (o outro factor de risco é o tabaco). A obesidade é responsável por 2-7% das despesas totais dos cuidados de saúde nos países desenvolvidos”.

Esta «epidemia» pode ser combatida com diferentes abordagens, devidamente articuladas, impondo intervenções que, no parecer do CESE, devem incidir sobre o nível da educação alimentar e no incentivo da adopção de estilos de vida saudáveis, em particular no que respeita ao exercício físico.

A intenção é boa e claro que é preciso combater a obesidade, protegendo e promovendo a saúde pública.

O que sobrou para desincentivar a obesidade foi Gandhi (curiosamente citado pelo CESE):

«Se queres mudar o mundo, começa por ti»!

Quanto à política de desenvolvimento para acabar com os outros milhões que morrem de fome - o reverso da história – essa merece outra abordagem, sempre em tempo, uma vez que não está para breve o fim dessa “pandemia”.

Não podemos, contudo, deixar de lembrar a recente oferta (não aceite) a país africano de toneladas de biscoitos para cão, com sabor agradável, sob pretexto de serem altamente nutritivos para seres humanos…





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