28 novembro 2005

 

Os ataques ao sindicalismo

Ainda bem que o Maia Costa aborda este assunto.
Estava convencido que vinha trilhando um caminho solitário nas minhas crónicas no Jornal de Notícias.
Eis a minha crónica do passado dia 17 de Novembro, se mo permitem:


As neo-ideologias




Há tempos, li num semanário um artigo de um economista (Daniel Amaral) que alvitrava que os salários têm de baixar, se quisermos que a economia ganhe competividade, pois são eles os grandes responsáveis pelo encarecimento dos produtos, ou dito de outro modo, o factor que representa a parte de leão do seu valor. Isto que dizia este economista é o que dizem, afinal, quase todos os economistas, reciclados no neo-liberalismo, e entre os quais parece reinar o mais terrífico consenso, que não abre janelas para nenhum alternativa. A solução parece ser a de trilhar irremediavelmente o caminho da inversão dos valores e dos direitos sociais e económicos em nome dos quais se travaram tantas lutas e se foi moldando o sonho de uma sociedade mais justa. Os sindicatos, agora encarados sem pudor nenhum como «forças de bloqueio», velharias recambiadas para o museu da História, encarniçam-se nos protestos do costume, na agitação de rua que toda a gente já conhece, greves e coisas que tais? Isso é a ganga ideológica que subsiste, ou seja, coisa nenhuma. O que é a ideologia – parecem dizer -, senão uma relíquia do velho mundo, ópio para endrominar incautos ou crentes sem os pés na terra? De que lhes vale a crença e que utilidade tem ela? Os investidores, concluía o economista acima referido, «estão-se nas tintas para a ideologia». «As ideologias foram arquivadas», sentenciou de forma pitoresca um dos nossos mais emblemáticos empresários – Belmiro de Azevedo. Os direitos sociais, económicos e culturais, os «famosos direitos adquiridos», são, então, ideologia arquivada e arrumada nas prateleiras poeirentas da História? E o que é a ideologia?, pergunto. A opção pela «economia de mercado» é uma fatalidade e não uma escolha ideológica? O «arquivamento das ideologias» ou o «estar-se nas tintas para a ideologia» não são outras ideologias?





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